25 de Abril de 1974. De madrugada, militares do MFA ocuparam os
estúdios do Rádio Clube Português e, através da rádio, explicaram à população
que pretendiam que o País fosse de novo uma democracia, com eleições e
liberdades de toda a ordem. E punham no ar músicas de que a ditadura não
gostava, como Grândola Vila Morena, de José Afonso.
Ao mesmo tempo, uma coluna militar
com tanques, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de
Cavalaria, em Santarém, e marchou para Lisboa. Na capital, tomou posições junto
dos ministérios e depois cercou o quartel da GNR do Carmo, onde se tinha
refugiado Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar, à frente da ditadura.
Durante
o dia, a população de Lisboa foi-se juntando aos militares. E o que era um
golpe de Estado transformou-se numa verdadeira revolução. A certa altura, uma
vendedora de flores começou a distribuir cravos. Os soldados enfiavam o pé do
seu cravo no cano da espingarda e os civis punham a flor ao peito. Por isso, se
falava de Revolução dos Cravos. Foram dados alguns tiros para o ar, mas ninguém
morreu nem foi ferido.
Ao
fim da tarde, Marcelo Caetano rendeu-se e entregou o poder ao general Spínola,
que, embora não pertencesse ao MFA, não pensava da mesma maneira que o governo
acerca das colónias.
Um
ano depois, a 25 de Abril de 1975, os portugueses votaram pela primeira vez em
liberdade, desde há muitas décadas.
´
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'O Nome das Coisas'
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